Será que o governo Lula está certo? Ou está errado? Aí vai um texto pra você decidir...
CASO BATTISTI
POR QUE TUDO ISSO COM ELE?
Por Felipe Larsen
"“A Itália mente. O governo italiano está mentindo. A mídia italiana, em sua maioria, pertence ao Berlusconi. Pessoas estão manipulando, ou estão deixando manipular. Nunca fui ouvido pela Justiça italiana sobre esses quatro homicídios. Nunca. Não existe. Não fui ouvido nenhuma vez num inquérito, na fase de instrução.”
Cesare Battisti, IstoÉ, 2 de fevereiro de 2009
Essa história começa no final dos anos 1960. Imperava a guerra fria. Mesmo derrotado na Guerra Mundial, o fascismo italiano nunca foi enterrado. Para ajudar, a atuação de grupos mafiosos como Cosanostra e Camorra tornava a velha bota uma panela de pressão.Após o histórico maio de 1968, marco dos protestos estudantis por um mundo mais justo, a Itália sofria o primeiro grande atentado fascista: a 12 de dezembro de 1969, uma bomba explode no saguão do Banco Nacional da Agricultura, em Milão, matando 16 e ferindo 86. As suspeitas caem sobre o bailarino anarquista Pietro Valpreda e o operário Giuseppe Pinelli. Os responsáveis só serão descobertos três anos depois: Franco Freda, Giovanni Ventura e Giuseppe Rautti, fundador da organização fascista Ordem Nova. Após sair da cadeia, Rautti se elegeu deputado em 1972 pela Direita Nacional.No mesmo ano o fascista Ivano Bocaccio tenta sequestrar um avião; em 1973 militantes da Ordem Nova matam um policial durante manifestação da direita, em Milão; a mando da Ordem Negra (que sucedeu a Ordem Nova) explode uma bomba em meio a manifestação contra o fascismo em Brescia, com 8 mortos; e mais 12 morrem na explosão do trem que vai de Roma a Viena.O clima só esfriou quando o general Vito Miceli foi preso, em novembro de 1974. Ele, que até seis meses antes era o chefe do serviço secreto italiano, foi denunciado por planejar atentados que deixariam o país em crise, fazendo com que o regime parlamentarista fosse substituído por um presidencialismo forte. Miceli também escapou da cadeia, ao eleger-se deputado em 1976.A desordem não vinha só dos fascistas. Sebastião Nery, jornalista e ex-adido cultural na Itália, fala conosco enquanto pinça informações no livro Poteri Forti (Fortes Poderes).“Montaram uma aliança entre a Máfia, a maçonaria e o governo da Democracia Cristã. Criaram o Banco Ambrosiano, ligado ao Vaticano, para financiar estas operações e a base do esquema começou.”O banco financiou a compra do jornal Corriere Della Sera pela família Rizzolli, intermediada por Umberto Ortolani, conde do Vaticano, homem de confiança do governo e vice-presidente do Ambrosiano.
Um erro histórico
Isso acontecia em 1975, ano em que o Partido Comunista Italiano ia de vento em popa, rivalizando com a Democracia Cristã, do presidente Aldo Moro.O avanço do PCI irritava os golpistas de organizações clandestinas. A Operação Gládio tinha cobertura dos serviços secretos italianos e da Otan, Organização do Tratado do Atlântico Norte, e surgiu para combater ações de esquerda. Também havia a P2, loja maçônica que pretendia, com atentados, acabar com o sistema democrático. E mais: convencer a opinião pública de que a esquerda era a responsável pelo terrorismo. Os planos da P2 afundaram após a justiça descobrir documentos que detalhavam tudo. Entre os filiados havia generais, empresários, religiosos, jornalistas, políticos – e não assusta quando descobrimos o mais ilustre associado e futuro “chefão”: Silvio Berlusconi.“O terrorismo de esquerda foi antecipado pelo terrorismo fascista. Do atual governo há ministros fascistas que apoiaram o terrorismo. Eram ligados ao ex-partido fascista. Evidente que existe uma manobra da direita italiana. O Brasil tem o direito de dizer não”, opina o ex-sindicalista italiano Antonio Fattore, explicando por que concorda com o refúgio de Cesare Battisti no Brasil.Fattore entende que havia Estado de direito, mas não acha que o atual governo tenha legitimidade para pedir a extradição de ex-comunistas. A esquerda reagiu com assaltos para levantar fundos, as “expropriações”, e sequestros que serviam para colher informações, frequentemente usadas para denúncias contra empresários e homens do poder."
via site Caros Amigos